Um estudo elegeu o asfalto brasileiro como o segundo pior do mundo. Mas a questão para isso é mais complexa do que se pensa
Vilhena, RO - Quem já viajou pelas estradas do Brasil sabe que a qualidade das vias não é das melhores. E isso não é apenas um senso comum entre os brasileiros. De acordo com um estudo feito pelo portal CupomVálido, com dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do portal britânico Compare The Market, o asfalto do nosso país foi avaliado como sendo o segundo pior do mundo. O primeiro lugar desse ranking foi o asfalto da Rússia.
Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição entre os piores países para se dirigir. Nesse aspecto foram levados em consideração fatores com mortalidade no trânsito, congestionamento e custos de manutenção dos veículos.
Segundo pior
Com esse resultado, muitas pessoas podem achar que nosso país está em segundo lugar por conta da qualidade do asfalto, mas esse não é o caso. De acordo com Diego Ciufici, superintendente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda), o nosso asfalto não é ruim, no entanto, o desgaste dele e a falta de manutenção fizeram com que ele ficasse ruim.
Dentre os motivos para isso acontecer estão:Nosso asfalto tem uma demanda alta. Segundo Ciufici, 75% da produção nacional escoa pelas rodovias, algo que é particular do nosso país.
A saturação da malha não tem investimentos suficiente para manter a qualidade comparado com a demanda que tem.
O asfalto é uma parte pequena dentre os materiais que são usados para a pavimentação. De acordo com Ciufici, ele age como “quase a cereja do bolo”.
Segundo a rofessora Kamilla Vasconcelos Savasini, coordenadora do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP, os buracos nas vias podem estar relacionados com problemas estruturais do projeto, como por exemplo, condições climáticas que não foram previstas.
Qualidade
Como dito pelos especialistas, o problema não é a qualidade do asfalto. Tanto que Savasini ressaltou que o produto é uma parceria entre indústria e pesquisadores que buscam sempre formas de melhorá-lo.
Ainda conforme ela, a questão principal é a implementação. Por conta disso, mesmo que o material seja bom, as dificuldades técnicas, operacionais e até econômicas acabam impedindo que técnicas sustentáveis sejam implementadas de forma efetiva nos pavimentos.
Além disso, Savasini pontuou que uma qualidade boa nas vias depende da manutenção regular e investimentos.
Na visão dos pesquisadores, a solução para que o asfalto melhore são políticas públicas para garantir o investimento em infraestrutura. Segundo Ciufici, isso pode ser feito com um planejamento e alocação de orçamento, além de planos de execução e não somente para tapar buraco.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, responsável pelo asfalto, afirmou que faz o monitoramento regular das estradas se baseando no Índice de Condição da Manutenção (ICM). E conforme eles, em 2023, 65,4% dos 61 mil quilômetros de vias foram avaliadas como ICM “Bom”.
Asfalto
Como dito, o asfalto também precisa passar por melhorias. Foi pensando nisso que a Petrobras anunciou a criação do CapPRO, um novo asfalto que promete diminuir em até 65% as emissões de gases do efeito estufa.
De acordo com a empresa, normalmente a aplicação do asfalto acontece com temperaturas altas. No caso desse novo, ele poderá ser aplicado com temperaturas significativamente mais baixas do que as tradicionais. Esse ponto já ajuda na economia de energia. E por ter uma temperatura de aplicação menor, esse novo asfalto terá emissões de vapores químicos também menores.
Além disso, uma outra vantagem desse novo asfalto é que ele dá a chance de que mais material reciclado seja usado para que seu pavimento asfáltico seja composto. Ou seja, o CapPRO dá a possibilidade de que uma maior quantidade de asfalto seja reciclada.
O produto já está inserido no portfólio da Petrobras de 2023 e irá ser implantado nas vias de todo o Brasil. Então, à medida que o asfalto velho for saindo, o CapPRO vai ser colocado em seu lugar. Isso é mais um passo importante para que as normas ambientais e a agenda de programas importantes, como o Rota 2030, sejam cumpridas.
As vantagens do CapPRO são que ele atende às metas ambientais; diminui em até 65% as emissões dos gases do efeito estufa; recicla materiais como o plástico; e promete diminuir os custos em geral.
A prefeitura de São Paulo, através da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), publicou uma nota no Diário Oficial da Cidade de SP anunciando o Decreto nº 61.417. Esse decreto fala sobre o começo do programa de recapeamento das vias da capital. Ao todo, isso custará um bilhão de reais.
Até o momento, o prometido é que até 2024 mais de 20 milhões de metros quadrados sejam recuperados através do recapeamento, da micro pavimentação e manutenção de pavimento rígido.
“Entre os critérios considerados para a escolha das vias prioritárias, estão o volume de tráfego e a deterioração do pavimento existente, demanda de transporte coletivo sobre pneus, histórico de operação de conservação de pavimentos viários, além de outras demandas da própria comunidade.
Todas as regiões da cidade serão contempladas, como a Avenida Jacu Pêssego, Avenida Sapopemba, Avenida Ipiranga, Avenida 23 de Maio, Avenida Cangaíba, assim como as Marginais Pinheiros e Tietê. Além destes cerca de 70 outros endereços serão contemplados”, disse a prefeitura.
Além desse novo asfalto feito pela Petrobras, outras empresas também já pensaram em formas de ajudar o meio ambiente e ao mesmo tempo fazer asfaltos melhores.
Foi isso que a empresa Dow Chemical, junto com um dos países que mais descartam resíduos plásticos, a Indonésia, pensou. Eles tiveram a ideia de criar asfalto a partir do plástico. Com isso, o objetivo do país é diminuir em 20% a quantidade de lixo que é jogada no mar até 2025.
Isso mostra que a ideia vai além do asfalto. Ela é também uma maneira de reutilização do plástico. Como resultado, eles têm um produto mais durável e resistente. Esse asfalto já foi testado em uma cidade da Indonésia. Ao todo, foram feitos 1,8 quilômetros de estrada com mais de 3,5 toneladas de plástico usadas nele.
Depois de dois meses, os testes mostraram que a estrada tinha ficado mais sólida com o tempo e também se tornado mais estáveis do que as feitas do jeito tradicional.
Segundo a empresa acredita, esse asfalto tem duração de 50 anos, o que é bem mais do que os 16 anos de vida útil das estradas atuais. E como ele é mais resistente, os buracos também serão menos nessas estradas.
Fonte: Fatos Desconhecidos
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